sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Biópsia

Eu e minha esposa tivemos um Natal e Ano Novo muito angustiantes, pois tinhamos uma suspeita de câncer, mas só iriamos confirmar isto após a realização da biopsia. Não quisemos dividir a notícia com a família antes da confirmação, principalmente numa época de festas.

Realmente é um inferno. Sua mente não consegue pensar em outra coisa. Mexe com o seu emocional, com sua perspectiva de vida. Será que o tumor é benigno ou será maligno. Que tipo de tumor é?  É agressivo ou não? Como será o tratamento, como será a cirurgia. E as sequelas. Será que realmente perderia a lingua? Quanto tempo eu teria de vida?  

Tudo isto eram perguntas sem respostas.  Pesquisas na Internet, apesar de esclarecer algumas coisas, só pioravam outras, em saber de estatísticas, de quanto tempo as pessoas vivem, de casos que não foram bem sucedidos, etc..

Enfim, você entra num inferno sozinho, um buraco sem saída, um caminho sem volta.

Neste meio tempo, fizemos todo o preparatório para a cirurgia. Também conversamos com um oncologista, que nos deu uma animada. Os médicos anteriores foram bem realistas, dizendo tudo o que poderia acontecer. Mas tem horas que você precisa de um pouco de esperança. Esse oncologista nos deu esperança, falou que dava para tratar.  Isto foi um grande alívio. Passamos os dias mais calmos devido a isto.

No começo de janeiro, fui fazer a biopsia no Hospital São Luiz.  Me lembro colocando aquela roupa azul, deitando na maca e entrando para a sala de cirurgia.  Eles dão um sossega leão, que antes de entrar na sala vc já apagou.

Mas e a sensação da família naqueles momentos que antecedem a cirurgia?  Todo mundo esperando uma sentença que ninguém sabe ao certo como vai ser.  Pensamentos de morte, pensamentos diversos.  O Câncer abala toda a estrutura familiar e pode mesmo até desestruturar, se as pessoas não ficarem firmes. É um baque muito grande.

Perguntas do porque eu? Qual a causa do Câncer?  São perguntas se respostas que não levam a lugar nenhum.

Enfim, quando voltei, ainda meio zonzo da anestesia, todos estavam felizes, comemorando.  Era Câncer, maligno,  mas era um tipo que não era fulminante e era sujeito a tratamento. Havia uma preocupação muito grande da minha família que poderia ser um outro tipo de Câncer que é fulminante.

foto: facebook/Enzina Santacroce

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